Na sua edição de novembro de 2014 a revista Caros Amigos, a primeira à esquerda apresentou o seu parecer sobre a reeleição de Dilma Rousseff por meio do texto do jornalista e escritor José Arbex Jr., intitulado “Brics e latinos comemoram reeleição de Dilma”, no qual é exposto o quanto esse resultado “frustra expectativas do imperialismo, que tem em Aécio um de seus porta-vozes mais dedicados e furiosos” (ARBEX JÚNIOR, 2014).

O texto começa falando do quanto a vitória de Dilma Rousseff foi comemorada na América Latina, sobretudo pelos governos de Cuba, Venezuela, Argentina, Uruguai, Equador e Bolívia, e pelos integrantes dos Brics: Rússia, Índia, China e África do Sul. Por outro lado, para o jornalista, as expectativas dos Estados Unidos e de Israel foram frustradas com essa vitória, não tanto por acreditarem que a Dilma tivesse uma posição anti-imperialista ou algo semelhante, mas por não terem como presidente do Brasil alguém que faria o papel de servo fiel de Washington, Aécio Neves. Arbex Júnior, inclusive, questiona os reais interesses de Aécio como presidente que estariam relacionados à privatização do pré-sal.

As expectativas de Estados Unidos e Israel também foram frustradas, de acordo com o autor, pela Dilma ter cancelado uma visita de Estado em setembro de 2013 que ela faria a Barack Obama por causa do caso de espionagem das comunicações entre diretores e funcionários da Petrobrás e entre a presidente e os seus ministros, promovido pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA. Também causou insatisfação quando a presidente condenou os ataques de Israel em Gaza em julho de 2014, o que lhe rendeu críticas do porta-voz de Benjamin Netanyahu, e quando em setembro do mesmo ano ela criticou os bombardeios promovidos pelos EUA contra o grupo conhecido como Estado Islâmico nos territórios da Síria e do Iraque durante discurso na 69ª Conferência da ONU.

Durante a exposição desses fatos, Arbex Júnior mostra, com ressalvas, uma presidente firme em seus propósitos e menos inclinada a agradar as forças imperialistas por ter cancelado uma visita de Estado aos Estados Unidos em protesto contra as espionagens da NSA, por ter condenado o que chamou de massacre cometido por Israel em Gaza, por ter criticado em conferência da ONU os ataques dos EUA contra o Estado Islâmico e por ter sido uma das signatárias da criação do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, demonstrando força perante o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, controlados pelos EUA e pela União Europeia.

Na opinião do jornalista essas “São atitudes que, mesmo tímidas e, claro, altamente insuficientes diante da catástrofe global, colocam o governo brasileiro, no campo diplomático, num patamar bem distinto do que seria praticado por um tucano” (ARBEX JÚNIOR, 2014).

Apesar de não acreditar em nenhuma ação revolucionária para esse segundo mandato, é possível perceber na leitura do artigo que por mais pressão que a Dilma sofresse para entregar parte do pré-sal, por mais que as críticas dela não alterassem as relações com os governos criticados e por maiores que fossem as críticas da grande mídia, entre outros motivos, pelo Brasil participar dos Brics, levando o governo ao limite, ainda assim a reeleição da Dilma foi vista como positiva por ela ter demonstrado “ter alguma coluna vertebral” neste contexto de crise financeira e política internacional do capital.  

Por:

Jussara de Morais
Marina Santos de Souza
Stephani Becker
Suzane Albino

Referência

ARBEX JUNIOR, José. BRICS e latinos comemoram reeleição de Dilma. Caros Amigos, São Paulo, nov. 2014. Reeleição, p. 9.